sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Séries Redações: Os e-books e a democratização da Universidade

             A humanidade sempre se deparou com o surgimento de novos objetos que superam os antigos na realização de determinadas tarefas. Foi assim com o papiro tomando lugar da tábua de madeira ou da pedra, utilizados para passar mensagens; da caneta substituindo a pena na escrita; e, para ficarmos num exemplo mais moderno, do computador tornando a máquina de escrever em algo quase obsoleto. Nesse avançar modernizante, podemos conviver, por algum período, com o velho e o novo, na tentativa de melhor nos relacionarmos com a novidade. O aparecimento dos e-books traz à tona discussões acaloradas sobre as possibilidades de ele fazer do livro impresso algo da memória.

            No tocante às nossas universidades, os livros ainda reinam absolutos – a despeito de serem muitas vezes esquartejados pela fotocópias. O ambiente acadêmico, lócus da transmissão do conhecimento, se vale dos escritos impressos para produzir e irradiar os saberes da sociedade. O livro assume, então, uma fundamental importância. Dessa forma, o acesso a ele deve ser prerrogativa dos gestores das universidades.

            A construção de bibliotecas e a constante atualização do acervo são atividades esperadas. Na realidade de um país com baixo orçamento para as universidades, essas tarefas são por demais dificultadas. Ainda mais com o alto custo do livro no Brasil. Nessa empreitada, os e-books podem contribuir enormemente: são cerca de 80% mais baratos; possibilitam acesso às obras com edição bastante antiga e também às mais recentes; não ocupam espaços demasiadamente grandes; permitem, com mais facilidade, a conversão em audiobooks, atingindo assim os deficientes visuais; a obra pode ser repassada em sua completude, dando ao estudante o contato com a totalidade, diferentemente da fotocópia, na maioria das vezes parte do livro.
            O e-book representa o novo, mas isso não quer dizer que irá superar o velho, e bom, livro. A convivência dos dois ainda tem muito o que revelar. Quantas pessoas ainda utilizam a máquina de escrever? A conclamação de Rui Castro, no jornal Folha de São Paulo, em setembro de 2009, para que defendamos o livro, só se justificaria num futuro em que as máquinas começassem a incinerar os livros de papel. Longe disso os e-books são, principalmente no ambiente de produção e transmissão de conhecimento das universidades, parceiros na democratização do acesso a esse próprio conhecimento.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Série Redações: Manifesto em favor da liberdade e da privacidade

            Nos últimos anos acompanhamos, atônitos, os avanços da informática e das reais e potenciais mudanças que isso acarreta em nossas vidas. O acesso aos computadores e, principalmente, à internet possibilita o alargamento e a intensificação das relações sociais, provocando mudanças nas formas de interagir do ser humano. Na universidade o uso da tecnologia informacional é ainda mais representativo: contato com pesquisadores e pesquisas de diversas localidades; troca de experiências; criação de grupos de estudos on-line; enfim, uma gama de recursos quase infinitos.

            Contudo, ao lado do potencial benéfico, está a possibilidade de que alguns utilizem dessa ferramenta para tolher a privacidade individual ou mesmo provocar danos à imagem do outro. Foi o que aconteceu recentemente nas dependências de nosso campus. Hackers, ou pra ser mais exato, crakers invadiram arquivos pessoais e expuseram um grupo de alunos à humilhação pública, com fotos manipuladas que difamam a moral e o caráter desses alunos. Para isso, se utilizaram dos computadores e da rede da própria Universidade.

            Por mais que essas ações possam parecer brincadeiras inconseqüentes, elas demonstram a tênue linha separando a liberdade de expressão e a privacidade individual. Com elas a linha foi rompida e, além do desrespeito, da vergonha, da indignação, irrompem a necessidade da comunidade universitária debater sobre o tema. Não se trata somente de agressões que infringem a lei, e por isso devem ser punidos os infratores, mas representa uma oportunidade de repensarmos os usos que fazemos da informática, notadamente no ambiente acadêmico.

            Neste sentido, conclamamos professores, funcionários, dirigentes e alunos para juntos agregarmos forças no sentido de fortalecer e melhorar nossas relações não só no ambiente real mas também no virtual. Pois só a partir de convivências saudáveis poderemos usufruir, em excelência, do que há de mais proveitoso na informática: a possibilidade de interação entre as pessoas.

 

                                                                       Goiânia, 29/09/2009.

 

Grupo das Vítimas de Ações de Hackers.