domingo, 30 de dezembro de 2007

Em busca de farinha e colo

Dia 31 de dezembro viajarei para Tocantins, na passagem do ano estarei num ônibus. Vou comprar farinha (a do Tocantins é a melhor), ver os amigos e visitar minha vó.

Terei, depois de dois anos, o colo da mulher que me ama incondicionalmente. Só quem é amado desta maneira sabe a dor que isto causa. Receber um amor apesar de qualquer coisa tem suas felicidades, mas traz grandes sofrimentos. Sofre-se por estar ausente, por não conseguir atender as cobranças internas (não há cobranças dos que amam incondicionalmente) e sofre-se também por saber que o amor incondicional torna o ser que ama menor, pois o objeto amado rouba-lhe uma parte de sua vida. Ou melhor, uma parte da vida daquele é transferida para este.

A distância de Dona Mundeza e a consciência de seu amor independente de tudo não me deixa ser totalmente feliz. Queria poder atender as pequenas vontades de seu amor: o estar um pouco mais perto e ser feliz por completo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Inexorável

Ela veio na madrugada.

Sem alarde acordou-me

Tentei argumentar: não é hora, por que eu.

Respondeu-me: sempre é hora, sempre é alguém

Tenho planos. Todos têm.

Amo, sou amado. Os que amam o fazem por serem amados.

E sempre haverá os que amam.

Meu tempo foi pouco. E parafraseando Saramago convenceu-me:

"...no fim das contas o que está claro é que todas as vidas se acabam antes do tempo".

Tudo bem, só deix

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A Metamorfose

Peguei na Internet uma cópia do A Metamorfose de Franz Kafka. Texto pequeno com uma história instigante... contudo a tradução da Universidade do Amazonas não foi das melhores então a leitura ficou um pouco travada. O livro relata as agonias de Gregório, um jovem trabalhador que mora com os pais e a irmã e que em certa manhã acorda transformado em um inseto. Toda sua dor, solidão e consternação são acompanhadas pelo medo, desprezo e preconceito, mas também pelo companheirismo e esperança dos que lidam com seu sofrimento. Aqueles que entendem muito de livros citam O Processo como o melhor livro de Kafka, mas acho que A Metamorfose seja um bom começo para se iniciar no universo claustrofóbico deste escritor tcheco

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sobre Séries

De todas as séries que assisto Dexter tem um espaço especial. Relata a história de um serial killer que mata somente assassinos. Ele é um policial perito em sangue de Miami e por uma disfunção psíquica moldou sua personalidade para conviver normalmente com outras pessoas e assim esconder-se em sua máscara.

É difícil não se encantar por esse amado assassino. A segunda temporada da série terminou recentemente, com Dexter se conhecendo melhor. Não vejo a hora de começar a terceira (a greve dos roteiristas de Hollywood deve atrapalhar um pouco). O interessante é que na série, assim como na vida real, não há pessoas totalmente boas ou totalmente más. E o fato de torcemos para um assassino de bandidos não pode ser encarado como um desejo de nos livrarmos de criminosos simplesmente matando-os. O que perpassa de mais forte na história é a dualidade e dubiedade do ser humano, com suas fraquezas e virtudes, seus códigos internos e seu modo de encarar a vida em sociedade.

Deixo para vocês uma frase do Dexter que é fenomenal, foi dita num contexto em que o protagonista se vê como criação (talvez errada) de seu pai e também tendo que resolver os problemas causados por um “filho” seu.

“É estranho ter uma cria lá fora. Uma versão profundamente alterada de você mesmo, correndo por aí sem controle e fudendo com tudo. Me pergunto se é assim que os pais se sentem”.

Chega a dar medo.

Abraços.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Para amadurecer

Amadurecer, hoje, leva mais tempo que na época de Balzac (penso se esse escritor fosse nosso contemporâneo suas balzaquianas seriam maiores de 40). Em nosso tempo, com aumento da expectativa de vida, ter 30 anos é bem diferente que ter-los na década de 80 ou até na de 90, em que a condição da vida adulta e suas conseqüências chegavam mais cedo.

 

No meu caso, saí da casa de minha vó com 19 anos para estudar e me casei com quase 25 (porque tive a certeza que havia encontrado a pessoa certa), mas só aceitei a idéia de ter um filho depois dos 30 (após relutar, mensurar e passar por várias sessões de terapia), quando me senti preparado (emocionalmente, financeiramente) para assumir a carga de responsabilidades de se criar um ser humano. O comum, em anos idos, seria que eu estivesse pensando, pelo menos, no segundo filho.

 

Não sei dizer se minha decisão foi madura, corajosa ou se cedi às pressões, mas quando percebo em mim o forte desejo de ter um filho, vejo que só comecei a amadurecer após tomar e, principalmente, aceitar essa decisão. Não quero afirmar que só com um filho ficamos maduros, de forma alguma. O que penso é que o amadurecimento chega somente quando somos capazes de tomarmos decisões que mudarão nossa vida para sempre e sem retorno e aceitarmos suas conseqüências, independentemente se foram acertadas ou não. Alias, penso que os acertos são proporcionais ao grau do nosso amadurecimento.

 

Abraços

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CPMF x Eleições

Depois de seguidos adiamentos a CPMF foi à votação na noite de ontem. Não foi aprovada, faltaram 4 votos para o Governo. Algumas considerações:

 

Estava um pouco inclinado à querer que esse imposto não fosse aprovado por não sentir seu uso diretamente (acho que pela pulverização e também pelos gastos em programas sociais), mas depois que o governo afirmou que todo ele iria direto para a Saúde, tive vontade que passasse pelo Senado. 40 bilhões de reais ajudariam bastante numa área tão carente (apesar de saber que grande parte seria desviada);

 

A CPMF é um imposto que não tem como sonegar e aqueles que ganham mais contribuem com mais. Ponto pra ele. Porém, era mais um imposto na já pesada carga tributária brasileira. Ponto contra;

 

Agora o Governo terá que avaliar gastos e saber administrar o que tem, alias este é o grande gargalho das administrações: otimizar as despesas e receitas, pois dinheiro não falta, mesmo com tanta corrupção.

 

O mais engraçado foi ver os criadores da CPMF, os tucanos, pousarem como bastiões da luta pela redução de impostos. Esqueceram que, num passado próximo, estavam totalmente comprometidos pela sua prorrogação. Mas, como as eleições estão aí, tirar dinheiro do Governo é minar a força do adversário na campanha.

 

Abraços

Ajustes no Devaneios

Bem pessoal, como ainda sou verde na blogosfera alguns recursos estão no default (ou padrão) do Blogger. É o caso do espaço para Comentários que não estava permitindo o acesso para todos os usuários. Depois de várias e várias reclamações solucionei o problema, agora todos podem fazer seus comentários.

 

Abraços

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Iniciando...

Olá, que bom que vieram! Este blog tentará dar vazão a algumas indagações que me ocorrem vez ou outra. Os assuntos serão diversos, mas não faltarão relatos do meu Flamengo, das series e filmes que assisto, dos livros que leio e dos que ainda quero ler, dos pormenores que causam angústias e nostalgias e também de coisas pequenas que são, talvez por isso, extremamente interessantes, como por exemplo, uma formiguinha que vi outro dia subindo o meio-fio carregando uma folha metade verde, metade marrom, bem maior e mais pesada que ela própria. Ela tentava desesperadamente encontrar o seu caminho feromônico e poder se esconder da chuva eminente e mortífera. Por que ela não largava a folha e corria para seu abrigo? Por que teimava em carregar algo tão grande e demasiadamente pesado se outras levavam apenas uma lasquinha de capim se os dois produtos tinham o mesmo valor por resto do formigueiro? Por que não agimos como as formigas?...

Bom, espero que meus devaneios possibilitem criar um canal de comunicação entre nós e que a partir daí possamos fortalecer nossa relação (não só virtual) por meio do debate, concordantes ou discordantes.

Beijos a todos e sejam bem-vindos!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Grande Sertão: Veredas

Fiz um cadastro na Biblioteca Cora Coralina no bairro de Campinas e de cara peguei Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa. Simplesmente APAIXONANTE! Foi uma sorte danada ler esse livro no início de minha jornada pela literatura, o desejo em continuar lendo aumentou. O livro conta a história de Riobaldo e sua vida como jagunço no sertão brasileiro. As lutas internas e externas travadas pelo protagonista são de uma grandiosidade épica. É impossível não se envolver pelos relatos de aventura, amor e autoconhecimento.

O livro me absorveu de tal maneira que quanto acabei, o sentimento foi o mesmo de uma despedida de alguém muito querido. E como o próprio Riobaldo diz: “Despedir dá febre”. A maneira que li as últimas trinta páginas contribuiu ainda mais para o sentimento de encanto e paixão pelo livro: havia acabado a energia em casa e eu estava num quarto escuro, sozinho e sob luz de velas, totalmente absorto na leitura, esse clima fez com que eu penetrasse ainda mais na história. Quando perto do final desejei que tivessem mais 300 páginas além das 620 do livro.

Talvez por ter crescido no sertão tocantinense com seu modo de vida e seus palavreados típicos e ter vivido algumas das incertezas e certezas de Riobaldo, eu tenha me identificado tanto com o personagem e com a história contada. Essa identificação me permite dizer, com toda convicção, que Grande Sertão: Veredas será um livro que levarei pra toda vida.