quarta-feira, 28 de maio de 2008

Um apelido para Euzébio

Euzébio era um menino de doze anos nascido em 1996. Seu maior sonho era não se chamar Euzébio. Não entendia por que seus pais gostavam desse nome, era difícil encontrar uma pessoa que gostasse. Acreditava que tinha muito azar, pois foi nascer logo da união de dois seres que adoravam a pronúncia e escrita da palavra Euzébio. Às vezes pensava que seus pais se aproximaram por esse peculiar gosto. Aliás, fora do circulo pater-maternal, nunca havia escutado um "bonito nome". A frase que costumeiramente ouvia após responder "como se chamas?", era: "Ah, é em homenagem a alguém?". Não era. Se fosse, talvez o menino se conformasse mais.

 

Euzébio gostava mesmo era do nome Lucas, tinha adoração até. Neste ano, estava numa classe onde estudavam quatro Lucas. Ao mesmo tempo uma tortura e um deleite. Na hora da chamada, no momento em que os professores convocavam a presença dos quatro Lucas, Euzébio sonhava. Em seu sonho, ele respondia orgulhosamente, em alto e claro som: "Presente!". Como se Lucas fosse. Sob os risos dos colegas, foram muitas as vezes que sua voz saiu do sonho enclausurado. Diminuído, Euzébio lamuriava silenciosamente.

 

A exclusividade do nome agoniava Euzébio. Não queria ser exclusivo, fantasiava ser comum. Não se importava se todos se chamassem Lucas, desde que o nomeassem assim. Os euzébios famosos não lhe acalentavam, não significavam nada para ele, a despeito da importância. Ao contrário, os desprezava.

 

Na sua triste realidade, Euzébio sabia que não haveria jeito, sempre teria o mesmo nome. Sua sina seria conviver com isto. Restava lutar para que os futuros pais nomeassem seus filhos com este nome que detestava. Assim, na banalidade, talvez se acostumasse. Saída inglória, pois lhe faltava argumentos para defender tal pleito.

 

A vida de Euzébio seguirá em lamentos, sempre tentando entender o significado da tramóia que a existência lhe pregou: ser filho das únicas pessoas que adoram seu nome e que não foram capazes nem de lhe dá um apelido.

 

Abraços

terça-feira, 27 de maio de 2008

Escritos Esparsos – Amalgame

Quelque chose me consomme

Mixte de désir et revê

Volunté de faire et de laisser être fait

Doutes et certitudes en une délicate espérance

Je suis ainsi

Confus en mes convictions

Concret en mes défauts

Immédiat en mes fantaisies

Patient en mes réalités

Amalgame de sentiments

Maintenant je veux, maintenant je donne

Douleur

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sobre Filmes – Homem de Ferro

Quinta-feira passada eu e Flávia assistimos no cinema o filme Homem de Ferro, outro super-herói vindo do gibi. Gostei bastante do filme, que passou rápido a despeito das mais de duas horas de duração, sinal que fui envolvido pela história, que retrata o começo do herói.

 

O universo dos quadrinhos há muito tempo gera grandes produções, principalmente em termos de bilheteria. Recentemente alguns destes filmes entraram na minha lista de prediletos: X-Men, Homem-Aranha, Batman Begins, Sin City e este Homem de Ferro. Ainda espero o quarto filme de X-Men e de Homem-Aranha e o segundo dos outros (Batman será em julho). Mas um projeto que agonia dentro de mim para ver na telona é a Liga da Justiça, em que reúne alguns dos mais sensacionais seres criados pela arte dos gibis.

 

O começo da transformação do ser humano normal num super humano sempre me agrada. Observar as sutilezas das mudanças, que às vezes não são sutis, ou a ruptura total no ritmo de vida desses seres me remete as possibilidades que todos nós temos em superar as extremas dificuldades que podem se apresentar em certos momentos da nossa existência.

 

Abraços

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Escritos Esparsos - Prender não é proteger

Outro dia minha namorada (hoje minha esposa) levou-me ao Zoológico de Goiânia, incrível! Tantos animais lindos: pássaros de diversas espécies, répteis de todos os tamanhos, mamíferos aos milhares e uma infinidade de outros bichos. Foi minha primeira ida a um zoológico e me encantei com os felinos. Os tigres eram meus animais prediletos quando criança, aliás são as crianças quem mais se divertem. Sai de lá extasiado, completamente maravilhado com as faunas de diversas nacionalidades.

 

Chegando em casa, porém, me pus a refletir: além da beleza e da novidade, outra coisa incomodou-me, a tristeza dos prisioneiros. Todos estão ali não por que querem, não por que gostam, estão ali por vontade de outros animais. E, indubitavelmente, me veio a pergunta: qual a finalidade de um zoológico? Não outra que nos divertir, principalmente as crianças. São propiciados momentos de um lazer irracional, em que observamos outras vidas trancafiadas e sujeitas ao estresse da vida em grades, tendo que conviver com gritos, calor, espaços apertados e, algumas vezes, sem a menor infra-estrutura. Pobres animais, reféns dos caprichos dos humanos que os chamam, paradoxalmente, de "astros".

 

O amante de zoológico me diria: "livres, eles estariam sujeitos aos caçadores". Realmente a questão está aí: o que precisa ser mudado é a forma como esses animais são protegidos. Colocá-los em prisões, tirando sua liberdade e deixando os assassinos as soltas, não é verdadeiramente uma proteção. Existem vários exemplos de parques em que os animais ficam livres e os visitantes é que vão para dentro das jaulas admirá-los. Isso tem dado certo, basta um pouco de raciocínio e de sentimento, o que falta a nós, seres pensantes. Uma outra solução, e a meu ver a que melhor surtirá efeito, é a educação daqueles que mais se satisfazem com o vislumbre dos animais presos, as crianças. Devemos ensinar-las que a liberdade não pode ser trocada pela gratificação de ver belos animais presos.

sábado, 17 de maio de 2008

Sobre as férias

Nossas férias (eu e a Flávia tiramos férias juntos depois de muitos anos!) foram sensacionais. Mas o ponto alto foi Porto Seguro: sete dias curtindo o mar, namorando, bebendo cerveja, namorando...

Em Porto Seguro, descubrimos um lugar que com certeza passaremos alguns meses de nossa aposentadoria: Arraial D'Ajuda. Um vilarejo maravilhoso, com praias fantásticas e povo acolhedor... tudo ótimo. Aliás, me arrependi de não ter ficado numa pousadinha em Arraial D'Ajuda mesmo.

Não deu para fazer tudo que havia imaginado, como por exemplo ir aos museus de Goiânia (mas isso posso fazer sem estar de férias), mas trinta dias sem preocupação e obrigações são revigorantes e totalmente necessários.

Abraços

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Escritos Esparsos – A casa do Drácula

Está lá. Sua imagem me devora como um bisturi numa pele macia. O que vejo não são apenas tijolos, há horror, desespero, angústia, solidão. Os cômodos não são cômodos, criptas. As janelas, grades. Sem portas. Nas entradas não há saídas. O cheiro é opaco, inibe. A vida está ao redor sendo sugada pela morte.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Sobre Séries - The Sopranos

Domingo passado assisti o último episódio de The Sopranos. Primeira série que acompanhei do início ao fim. Foram seis temporadas de total deleite. Vivenciei e aprendi com as angústias de um mafioso que faz terapia, cria seus filhos, administra sua mulher, comanda seus companheiros e lida com seus inimigos.

 

A série mostrava cruamente, mais que qualquer outra coisa, as relações familiares e suas conseqüências na vida dos personagens. Com isso, vimos Tony Soprano procurar um terapeuta para resolver seus surtos de falta de ar desencadeados na infância pela sua criação num ambiente violento.

 

Sopranos, então, vai bem além de uma série sobre mafiosos, trata da condição humana, com seus desalentos, alegrias, incertezas e com suas virtudes que se mostram em momentos de total desespero. Uma série absolutamente maravilhosa que deixará saudades.

 

Abraços

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Escritos Esparsos – Um

São tantas pessoas. São tantos rostos. Tantas personalidades. É uma multidão de desejos, sonhos, esperanças, vontades...

 

Impossível saber se todos são felizes, mas vejo sorrisos, ouço gargalhadas, expressões de felicidade. Talvez momentâneas, talvez duradouras, mas cheias de um quê bastante aconchegante, animador, que me faz refletir. Não fico indiferente.

 

Enquanto procuro alguém, a multidão passa. Eu penso. Eu lembro. A multidão, cheia de pessoas, é espremida, quase sem rosto.

Retorno

Após trinta e cinco dias de férias, retomo os trabalhos: o oficial e o deste blog. Nas férias consegui fazer quase tudo que pretendia... Mas o ápice realmente foram os sete dias em Porto Seguro: cerveja, namoro, lindas praias, mais cerveja, mais namoro...

 

Numa das atividades que planejei para os dias de descanso, estava a arrumação da estante de textos da época da Universidade. Nossa, como guardamos coisas que, ao passar dos anos, não nos interessam mais... O resultado foi a desocupação de incríveis 80% da estante (o catador de papel que passava perto de casa agradeceu bastante).

 

Na arrumação, encontrei alguns escritos esparsos que havia feito no decorrer do tempo. Resolvi colocá-los aqui, entremeando os devaneios atuais.
 
Abraços