sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Série Redações: Células para salvar vidas

A cada avanço da ciência, permeado por novidades ainda não vistas pela sociedade, surgem opiniões de entusiasmo e outras de descrédito. As primeiras veem a possibilidade de se sanar algum mal, enquanto as segundas apontam os malefícios que o novo conhecimento pode causar. As pesquisas e a utilização de células-tronco em seres humanos é uma dessas novidades que põem de um lado cientista e de outro grupos religiosos. Aqueles enxergam nas pesquisas a cura para infinidades de doenças, enquanto esses as atacam por acreditarem que se trata de uma afronta à vida humana.

            Quando os primeiros trabalhos sobre células-tronco foram divulgados, a comunidade científica se mobilizou para aperfeiçoar as novas técnicas. Já no final da década de 1990, uma equipe dos Estados Unidos publicou suas experiências envolvendo células-tronco embrionárias. Esse trabalho desencadeou enorme polêmica, pois a igreja e outros setores da sociedade acusavam os pesquisadores de matarem seres humanos em sua fase inicial, o embrião. Por outro lado, os cientistas atestavam que as células dos embriões eram as melhores para reconstituírem novos órgãos e se defendiam afirmando que a vida só pode ser considerada a partir da formação do sistema neural. Instala-se, dessa maneira, o questionamento primordial: quando começa a vida?

            A despeito da resposta que cada um dos lados dá, o mais sensato é analisar o quanto esse novo saber pode melhorar a vida de milhões de pessoas. Não resta dúvidas que as células-tronco embrionárias são, pelo conhecimento atual, as mais capacitadas e diversificadas para assumirem as funções de órgãos ou tecidos debilitados. As pesquisas com células maduras ainda precisam avançar bastante para se ter certeza de suas reais possibilidades. Nesse sentido, impedir ou coibir a utilização de embriões para extração de células-tronco é mais que retrógado, é insano. Vale lembrar que a maioria esmagadora das células coletadas vêm de embriões descartados por clínicas de fertilização. São materiais destinados ao lixo e que agora vão servir para um bem maior: salvar vidas.

            A história nos mostra que sempre há aqueles que, por desinformação ou por medo da mudança, tentaram impedir a eclosão do novo. Copérnico, Giordano Bruno e Galileu morreram ou sofreram reclusão por apresentarem novidade à sociedade. Seus conhecimentos, depois de superados os preconceitos, trouxeram avanços para a humanidade. Hoje, as pesquisas com células-tronco ainda têm muito caminho a ser percorrido, e impedi-las é incorrer em erros já cometidos. Ciência e religião não precisam permanecer em lados opostos, devem somar forças para atingirem o objetivo comum da melhoria de vida das pessoas.

           

 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Com qual comida eu vou

            Sinal dos tempos: o desafio agora não é comer, mas comer bem. Saiu-se de um quadro em que a população sofria de desnutrição e passou-se para outro em que a obesidade é o grande vilão. O caminho já percorrido por países desenvolvidos, onde os gordinhos são a maioria, começa a ser trilhado pelo Brasil e por outros países em ascensão econômica. A questão é preocupante e foge da simples normatização estética, o sobrepeso ocasiona diversas complicações que devem ser combatidas sem demora.

            Mas como um país pobre, com uma grande população de miseráveis, tem na agenda de preocupações o alto índice de gordos? Primeiro é preciso esclarecer que a maior parte dos obesos está nas cidades, principalmente nas grandes. Daí, deriva uma série de explicações: ritmo acelerado das tarefas cotidianas, diminuindo o tempo das refeições mais elaboradas; acesso facilitado às comodidades das "fast foods" e ao arsenal de calorias que elas trazem; elevado custo dos alimentos naturais, que são produzidos cada vez mais distantes, pois a cidade necessita de espaço; e, claro, uma pitada de desinformação acerca das conseqüências da má alimentação e dos males que certas comidas podem provocar.

            Há um tempo pouco distante, não era raro as pessoas produzirem seu próprio alimento. As verduras, frutas e hortaliças estavam à mesa de praticamente todas as casas. Preparar a comida e, mais, aproveitar o tempo da refeição era algo absolutamente normal. Contudo. Hoje a normalidade é solicitar a comida pelo balcão, comê-la em pé mesmo, quando não se sai correndo apressado pelejando para não deixar o sanduíche cair da mão. Nos supermercados, as guloseimas açucaradas ocupam o maior espaço dos carrinhos de compra. São desejos de paladares que se acostumaram às dietas doces, calóricas e de baixo valor nutritivo. Além do preço convidativo, pois a industria que os fabricam está logo ali, quer-se agradar às crianças que adoram as bolachas recheadas e os salgadinhos. Com isso o exemplo é repassado e no futuro será imitado.

            Urge que ações sejam empreendidas para combater a má alimentação. Trata-se de uma questão de saúde pública, pois gera, além de doenças como diabetes, hipertensão, problemas coronários, a baixa autoestima, acarretando distúrbios emocionais por vezes irreversíveis que tendem a fomentar o círculo vicioso da obesidade.

            Exemplos como o do sujeito que passou 30 dias se alimentando somente numa grande rede de comida rápida, engordando neste período 11 quilos e adquirido desde colesterol alto até princípio de infarto, precisam ser divulgados e fazerem parte de campanhas públicas de informação. Além disso, a reeducação alimentar dos mais jovens necessita ser uma preocupação da família e da escola, para que cresçam como adultos conscientes e irradiadores de hábitos saudáveis. Mas, talvez, o primeiro passo é tornar os alimentos naturais mais atrativos, para que possam competir com as comidas prontas. Para isso, a redução dos preços desses alimentos é um ponte chave. Incentivar sua produção o ambiente urbano, subsidiar os agricultores desde à plantação até a comercialização podem ser alternativas que rendem muito mais ganhos para a sociedade que suas aparentes dificuldades.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Séries Redações: A solução está no meio

A sociedade tem enfrentado uma questão altamente importante e complexa: como impor limites aos jovens sem, contudo, voltar a um passado repressor e, inclusive, violento. A grande mídia traz constantemente notícias de delitos graves envolvendo adolescentes. São garotos que queimam índios em Brasília, outros de classe média-alta traficando drogas e praticando roubos, alunos que agridem e desrespeitam professores nas escolas. Esse assunto também faz parte das telenovelas, gerando debates acalorados entre os milhares de telespectadores.

            A criação dos filhos era pautada, até pouco tempo atrás, pela obediência total aos pais. A prática das palmadas não era questionada pois não havia uma preocupação com formas alternativas de educação. Mesmo nas escolas a palmatória era uma constante. Com o passar das décadas, as relações sociais se transformaram, exigindo de pais e filhos, educadores e alunos uma postura mais libertária, regulada pelo diálogo e pela aceitação das diferenças entre os indivíduos.

            Essas mudanças são fruto das imposições dos jovens que vivenciaram a revolução hippie e passaram a criar seus filhos na cultura de liberdade que tanto pregavam; das teorias psicológicas que advogam um posicionamento de diálogo e entendimento; é efeito, ainda, do sentimento de pais que passam a conviver cada vez menos com os filhos e têm na permissividade a forma de compensarem suas ausências. Aqui, a entrada, já tardia, da mulher no mercado de trabalho é um fator demasiadamente importante; e também são resultado da evolução das leis civis abrangendo os direitos de crianças e jovens e abominando as agressões físicas praticadas por pais ou qualquer outro adulto.

            Há, sem sombra de dúvida, um avanço na forma de agir da sociedade, atos de violência e repressão desmedida não podem conviver com o conceito de civilidade. Todavia, saímos de um extremo e nos encaminhamos para outro. Um percurso que é explicado pela psicologia: quando o ser humano vive em situações extremadas, há uma tendência de rompimento deste quadro, passando, mesmo que momentaneamente, para a outra extremidade, até que seja encontrado o ponto de equilíbrio.
            Estamos assentados na ponta de uma situação que já se mostrou insustentável. A falta de limites dos jovens não pode levar a sociedade aos quadros em que vivemos. É preciso que as instituições primárias encarregadas da educação dos adolescentes – a família e a escola – atuem na busca pelo equilíbrio e pela sensatez na criação de seres humanos responsáveis, livres e conscientes. E somente se alcançará esse objetivo se a atuação for conjunta, com estratégias correspondentes nos dois ambientes, mostrando aos jovens que sua liberdade implica em direitos e obrigações fundamentados por uma dimensão maior, a sociedade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Série Redações: O mal está em não saber usá-las

             Num mundo hipnotizado pelo modismo do politicamente correto, as sacolinhas de plástico engrossam a artilharia dos defensores do meio ambiente. Para esses, elas são uma praga que deve ser banida do planeta. Campanhas contra seu uso, pela sua substituição por sacolas "longa vida" pululam nos meios de comunicação, nas manifestações e nos discurso ambientalistas. Contudo, os agressores das sacolinhas se esquecem que elas são extremamente práticas, multifuncionais, higiênicas e poderiam sim contribuir para a causa ecológica.

            Feitas para acomodar e facilitar as compras, as sacolas plásticas trouxeram uma praticidade inexistente na época de sua invenção. Com suas alças e sua estrutura, permitiam o carregamento de todos os itens dos supermercados. Possibilitava ainda a separação dos diferentes tipos de artigos domésticos: alimentos, produtos de limpeza e de higiene, os secos, os molhados, cada qual nas respectivas sacolas.

            Nas residências, essas tão mal faladas espécies plásticas, podem ser utilizadas para diversas e curiosas funções. Depois de desocupadas, as que estiverem limpas, podem ser imediatamente guardadas – tai mais uma vantagem: a facilidade no armazenamento – aquelas que por ventura apresentarem alguma sujeira podem ser lavadas e depois colocadas junto às outras. Dentre suas utilidades, o acondicionamento do lixo doméstico talvez seja o mais representativo. Além de protegerem as lixeiras, após amarradas vedam o cheiro quase por completo. Mas há aqueles que as usam para proteger e separar objetos; para carregar diversos tipos de materiais; são usadas como toca para o banho; proteção para os pés ou para a sela da bicicleta num dia chuvoso, enfim, a lista depende da necessidade e da criatividade de quem as usa.

            Suas incríveis possibilidades de reutilização e a condição totalmente reciclável, tornam as sacolinhas plásticas um produto com valor ecológico bastante considerável. Como subproduto do petróleo, sua produção não implica no desmatamento de extensas áreas, como ocorre no caso de suas irmãs de papel. Ou ainda não acarreta no modelo de monocultura do algodão para criação das pouco higiênicas e nem um tanto práticas bolsas naturais.
            No ideário da demonização das sacolinhas, ataca-se o inimigo errado. No lugar de condená-las, o melhor caminho é tê-las como aliadas. Pois somente com a educação e a conscientização da sociedade será possível criarmos um mundo ecologicamente sustentável. E a utilização de produtos multifuncionais, práticos e de baixo custo pode ser uma das alternativas. As sacolas plásticas têm a capacidade de exercer esse papel, bastando criarmos canais de sensibilização e de informações acerca de seu melhor aproveitamento.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Série Redações: A sétima arte construindo a liberdade

             Antes dos irmãos Lumière os encontros entre as pessoas se limitavam aos passeios na praça principal. Quando da volta para casa, se a audácia permitisse, iam de mãos dadas. Todos eram observados e todos se vigiavam. As pessoas se interagiam quase numa comunhão total entre vizinhos de uma determinada localidade. Não havia o escondido por não haver onde se esconder. Os olhos vigilantes seguiam os passos, as mãos, as bocas... Tudo deveria estar no lugar. Cerceavam até o livre pensamento, castrando inclusive a imaginação.

            O cinema mudou a dinâmica dessas relações. Agora os casais, por exemplo, iam ver um filme e estavam livres da vigilância recriminadora dos vizinhos. Sentiam-se a vontade para receber e dar carícias. O escuro da sala de projeção desencadeava uma desinibição outrora inexistente. Ir ao cinema se tornou sinônimo de namorar, de congregar com os amigos, e assim, as poltronas ocuparam o lugar dos bancos das praças. Assistir a filmes, e mais, esses próprios, revolucionou o modo de agir da sociedade.

            Nas salas de cinema a interação entre as pessoas é mediada pelas regras da boa convivência, é prudente não atrapalhar os demais. Isso, contudo, não impede que os filmes influenciem os que lho assistem. Costumes, roupas, jeitos de falar, concepção de mundo, tenta-se imitar o que é visto na obra fictícia. A comunhão, por vezes hipnótica, extrapola o ambiente das salas, o planeta passa a ser o limite da agregação. Os lançamentos são eventos globais e todos conhecem os heróis dos filmes, todos se vestem, falam, se comportam como os personagens, numa homogeneização planetária..

            Vejam os exemplos de Star Wars e Harry Potter: na década de 1970, ser Darth Vader ou Luke Skywalker era a sensação do momento. Todos tinham ou queriam ter seu sabre de luz; se despediam proferindo a famosa frase "Que a força esteja com você". O mundo, atualmente, se volta para o bruxo adolescente órfão que luta contra o malvado Voldemort. Mais uma vez somos tragados pela estética e modismos do cinema. Todos, agora, querem ter os óculos redondos do protagonista, e é necessário que estejam colados com um pedaço de esparadrapo. A emulação precisa ser perfeita, por isso o detalhe é imprescindível.
            Ao abandonarmos a praça como local de encontro, abraçamos o mundo, um mundo cada vez mais interligado, carregado de fantasias e sonhos. E apesar do espaço fechado das salas de cinema, ganhamos liberdade, somos livres para sermos, mesmo que na imaginação, quem quisermos e fazermos tudo que o escurinho, e nossa mente, nos permitir.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A copa da esperança

              Não havia disputa, o Brasil era candidato único para sediar a copa do mundo de futebol de 2014. Todos sabíamos que seria aceito como sede. Esse fato gerou dois sentimentos: tranquilidade e desconfiança. O primeiro foi gerado pela certeza da escolha, que, por sua vez, possibilitou a uma parte da população, principalmente a imprensa especializada, visualizar os perigos da realização desse grande evento.
           A certeza nos tirou aquela angústia da disputa, que vem do desejo de ganharmos de outro. Não pudemos exaltar a esperança, a dúvida não existia, já pensávamos em 2014 em plena Copa de 2006. Víamos a Alemanha e seus belos estádios, seu trânsito organizado, seus metrôs ágeis e elegantes, a satisfação dos torcedores pelo conforto das arquibancadas e já pensávamos: "não vamos conseguir!"

            A copa no Brasil poderá ter inúmeros benefícios: reforma e criação de campos de futebol, onde o torcedor seja tratado dignamente; melhoria no transporte público e no trânsito, na saúde e na infraestrutura turística; mas, o que representará, podendo ser o maior dos ganhos, uma guinada na vida dos brasileiros é a elevação de sua autoestima e confiança, é acreditar que podemos realizar grandes empreendimentos.

            Imagine os estádios lotados de pessoas felizes porque foram bem recebidas, chegaram tranquilamente ali, se sentaram numa poltrona confortável, numa arena funcional e ao mesmo tempo artisticamente bela, felizes por saber que estarão seguras e terão, se precisarem, atendimento de saúde ágil e eficiente e, principalmente, por saber que tudo isso foi feito por ele, enquanto pertencente à sociedade brasileira.

            Pois é à sociedade brasileira que cabe cobrar as melhoreis, as novas construções, o atendimento digno. Somos nós que temos o dever de fiscalizar essas obras, exigindo lisura, cobrando punição àqueles que aproveitam de uma momento ímpar, um momento coletivo, para obterem ganhos individuais e impróprios.
            Por isso, mesmo não havendo disputa, mesmo que não pudemos exaltar nossa vitória sobre um adversário, o Brasil venceu. Ganhou a possibilidade de mostrar para si mesmo que é capaz de superar seus erros e fazer de um evento esportivo o ponta pé inicial para as verdadeiras e necessárias mudanças. A copa trará sim grandes benefícios materiais que ficarão às vistas. Porém, o que permanecerá, se todos fizermos nossa parte, será a esperança de que tudo poderá ser diferente depois dela.
 
Abraços

De volta à blogosfera

Depois de muito tempo retomo esse espaço. Fiquei ausente por um bom motivo: estava estudando para passar na prova da UFG no curso de Direito. Vagas 7; Canditados por vaga: 64,86; Colocação: 1º. Valeu a pena...

 

Começo esse ano com as publicações das redações que fiz durante o cursinho. Para mim significaram muito, pois foram elas que possibilitaram minha aprovação. Como não havia me saido muito bem na prova objetiva, dependia de uma nota extremamente elevada para ter êxito. Na angústia da espera, já havia perdido as esperança quando soltaram a nota da redação. Tinha fechado a prova! Estava de volta ao páreo. Então era esperar, com muita ansiedade, o resultado final. A colocação, além da surpresa, também me deu muita alegria.

 

Bom é isso, espero que curtam as redações.

 

Abraços