quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amenidades

Talvez todos os seres humanos tenham uma forma única de fazer a mesma coisa. Podemos parecer com nossos pais, imitar alguns de seus gestos, mimetizar os trejeitos mais íntimos, mas se analisarmos com acuidade perceberemos as diferenças resultante  do acúmulo das experiências que cada um vivencia sozinho.

 

A forma de comer, por mais que seja transmitida e até mesmo condicionada desde criança, se altera pelas relações não familiares que mantemos. Ela, a forma do comer, se mistura e passa a carregar o condicionamento da infância e a vontade de seguir um padrão de etiqueta ou a forma das pessoas próximas. Por um tempo tentei mudar meu jeito de segurar o garfo, tentando copiar o modo dos atores das novelas, que levam a comida à boca de forma reta e direta, segurando o talher nas pontas dos dedos. Achei difícil, forçado e extremamente burguês, continuei pegando o garfo com a mão fechada e levando-o para boca de maneira torta. Contudo, essa forma apenas se assemelha a da minha vó (a pessoa que me ensino a comer), pois existem leves alterações, conseqüência do meu caminhar longe dela.

 

A amenidade pessoal que mais me intriga é o uso do papel higiênico. Confabulo comigo mesmo tentando imaginar o modo como as outras pessoas se utilizam desse objeto. Esta minha inquietação é devido ao fato de que vivi 2/3 da minha vida sem papel higiênico, utilizando diversos e intrigantes materiais. Por isso em apenas 12 anos, em que tive que aprender a usá-lo por mim mesmo, já mudei por diversas vezes o jeito que me sirvo de um rolo de papel branco no banheiro: a forma de dobrá-lo, quantas dobras, por qual lado inicio o processo, como finalizo, como o jogo fora. A cada mudança evoluo, hoje posso dizer que atingi um status quase definitivo, pelo menos atualmente estou satisfeito e feliz com a forma que limpo a bunda.

 

Abraços

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