terça-feira, 3 de junho de 2008

Escritos Esparsos – O circular do círculo

O ritual começa ao acordar. O primeiro mundo é o banheiro e seus objetos. Quantos afazeres, futilidades, necessidades, imposições. Um mundo de gestos sincronizados, ordenados, espontâneos e condicionados. Às vezes me perco, nem estou no espelho. Tenho pressa já na manhã. Como e corro.

 

O ritual começa ao trabalhar. O primeiro mundo é o escritório e seus objetos. Tudo em volta está em minha posse, na me pertence. Agilidade, competência, qualidade é o que querem. Quero dinheiro, me trará descanso. Quando? Tenho presa. Como e volto. O mesmo mundo continua, o mesmo eu (des)continua.

 

O ritual começa ao anoitecer. O primeiro mundo é a casa e suas coisas. Movimento meu corpo sem interesse. Sinto-me perdido na ilusão da liberdade de que meus atos são meus. O que faço é desfazer o que fiz, ou fazer o que desfarei? Num círculo, qualquer ponto é o começo e o fim.

Nenhum comentário: