quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Resposta aos cruzmaltinos

Vale esclarecer a história por trás deste texto: dois estimáveis amigos debatiam comigo a grandeza do Vasco da Gama e, na ânsia de me convencer apelando para algo que me sensibiliza, exasperavam que o time teria sido o primeiro no Brasil a aceitar negros como jogadores. Então esta é minha resposta aos meus incautos amigos:


Prezados cruzmaltinos,

Realmente é belíssimo o fato de o Vasco ter sido a primeira instituição futebolística a aceitar negros, em seus quadros de jogadores. Não há mácula ou contestação nesse episódio. No entanto, lembro aos estimados amigos que a nobreza e a força de uma instituição se residem nas pessoas que a representam. Desse modo, glórias aos representantes vascaínos de então.

Destarte, aquele acontecimento foi manchado e não se enraizou no, por assim dizer, caráter da instituição Vasco da Gama, porque as pessoas sucessoras daquelas não mantiveram o espírito nobre que enalteceu a belíssima história.

Mas por que penso assim? Explico me valendo de um fato irradiador e conformador da verdade. Não se preocupem, não falarei do crápula Eurico Miranda, que por si só confirmaria a tese aqui apresentada.
Remeto-os a um jogo entre o Mengão e o Vasco nos primeiros anos desse século. Maracanã lotado pelas duas torcidas, de repende, mas não sem preparação prévia, a parte branca e preta começa a cantar: "Favela, favela, favela, time de favela". Ora, meus queridos amigos, não preciso caracterizar o preconceito que jaz nesse jingle. Esse único caso (um exemplo dentre vários, notórios no Brasil e, especialmente, no Rio) mostra que, no decorrer da história, os maiores representantes da instituição vascaína renegaram aquele célebre ocorrido na primeira metade do século XX. Não vos coloco nesse grupo, pois conheço vossos caracteres, mas a massa cruzmaltina se degenerou...

Assim, senhores, encham vossas bocas para dizer que o Vasco foi o primeiro time de futebol a aceitar negros como jogadores. Todavia, não se esqueçam de que aceitar não é acolher. A acolhida engrandece, fortalece, prevalece, sendo gravada na alma do ser acolhido. Meu Mengão, no construir de sua história, acolheu, mais que qualquer outro time, milhões de torcedores (e também de profissionais), relegados à discriminação pela cor da pele e/ou pela sua condição social. Sendo por isso chamado de time de favela, de descamisados, urubu... Mas a grandeza da instituição Flamengo, ou melhor, das pessoas que a representam, não rejeitaram tais "títulos", pelo contrário, os acolheram e os irradiaram.

Abraços e saudações rubro-negras

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