terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Viagem para Paraíso

O ônibus entra pelo caminho habitual, rua transversa à Prefeitura, mas onde estão as casas de minha memória? Que fachadas são essas de lojas que não conheço? E esse ginásio cobrindo a quadra de esporte cimentada do meu antigo Colégio! Quem o colocou lá? O movimento das ruas me surpreende; os semáforos me assustam; as pessoas, muitas agora, estão mais indiferentes...

 

Paraíso mudou e não acompanhei sua mudança. Porém, depois do sentimento de deslocamento, encontro alguns resquícios das imagens de minha infância e adolescência. Eles estão nas áreas mais afastadas, nas ruas estreitas, nas pessoas antigas e no calor dos amigos. As casas de duas águas com suas grades ou muros baixos são cada vez mais raros, mas estão lá; as ruinhas onde se brinca de Golzinho, Peteca. Bete, Infinca, Salva-companheiro, Queimada mantêm seu potencial (as brincadeiras não vi, mas percebi a possibilidade).

 

Uma visão me trouxe mais aconchego que todas: Seu Mundico sentado em seu tamborete na porta de sua vendinha, a Casa Abreu. Seu Mundico era o homem mais velho que eu conhecia, não sabia a idade dele, como ainda não sei, mas seus cabelos eternamente brancos para mim me davam a impressão que se tratava de um homem que sempre foi velho. Infelizmente não tive a perspicácia de ir até sua venda e comprar os suspiros que adoçavam minha boca de menino e me faziam voltar correndo com sorriso aberto, feliz e inocente.

 

Não presenciar as mudanças e as permanências de minha cidade natal provoca uma tristeza a cada vez que volto. Paradoxalmente, essa tristeza só é aplacada quando regresso e encontro as coisas que mudaram e as que permanecem. Nesta viagem, talvez mais que nas outras, as mudanças nas fachadas e nas ruas não me impactaram tanto quanto o carinho e dedicação dos amigos e parentes, a imagem do Seu Mundico e os olhos de amor de minha vó.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nostalgia. Infancia. Cidade do interior, apesar de ter nascido e crescido em gyn. Tudo tem um "que" em comum para os que viveram nessa epoca.
Victoria

Anônimo disse...

Quem prova da água de Paraiso nao troca por nada. A saudade q temos do rui aqui em paraiso é imensa. Adorei jogar truco na AABB o domingo todinho e ainda empurramos um carro heheheh e fomos para um casamento heheheheh.Um grande abraco dos seus amigos Gleydson, Tony, PB, Alexandre, Fabio, Maninho, Carlao. Felicidades p vc e p Flavia (manda abraco p ela tb.) Valeu.

Anônimo disse...

Também sinto saudade de vocês... e eu adorei ainda mais nossas partidas, inclusive a minha passada por baixo da mesa.

Anônimo disse...

Lendo sua passagem por Paraíso, me fez recordar tbém gde parte da minha infância vivida no interior. Te confesso ter sentido a mesma coisa q vc, vendo a mudança em tudo qdo um dia passei por lá onde vivi por 7 anos! Mesmo assim é mto bom! Nos faz reviver. Só penso q vc tem de ir mais vezes ver a Dona Mundeza! Afinal, ela é sua verdadeira mãe! Por que vc não foi na loja do Sr.Mundico? Talvez qdo vc voltar lá, ele já ñ estará mais sentado à sua espera para vender suspiros. E aí, trouxe a farinha para fazermos a farofa no dia da churrascada aqui em casa e ou no seu novo Ap? Rui, vc é um Tocantinense q ninguém entende, mas é um cabra muito especial!!!
Abraços da sempre amiga e futura vizinha,
JU

Anônimo disse...

Ju, Seo Mundico sempre estará lá, ele faz parte das lembranças que nunca esquecerei. Mas, estou arrependido por não ter comprado os suspiros em sua venda, eles são uma delícia.
O churrasco terá sim a farinha tocantinense.
Beijão

Anônimo disse...

Vupu, será que toda infância traz nostalgias quando acaba? A de hoje terá saudade dos narutos, yug-ohs, play stations, portões fechados, cercas elétricas...?
Beijos