quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Séries Redações: A solução está no meio

A sociedade tem enfrentado uma questão altamente importante e complexa: como impor limites aos jovens sem, contudo, voltar a um passado repressor e, inclusive, violento. A grande mídia traz constantemente notícias de delitos graves envolvendo adolescentes. São garotos que queimam índios em Brasília, outros de classe média-alta traficando drogas e praticando roubos, alunos que agridem e desrespeitam professores nas escolas. Esse assunto também faz parte das telenovelas, gerando debates acalorados entre os milhares de telespectadores.

            A criação dos filhos era pautada, até pouco tempo atrás, pela obediência total aos pais. A prática das palmadas não era questionada pois não havia uma preocupação com formas alternativas de educação. Mesmo nas escolas a palmatória era uma constante. Com o passar das décadas, as relações sociais se transformaram, exigindo de pais e filhos, educadores e alunos uma postura mais libertária, regulada pelo diálogo e pela aceitação das diferenças entre os indivíduos.

            Essas mudanças são fruto das imposições dos jovens que vivenciaram a revolução hippie e passaram a criar seus filhos na cultura de liberdade que tanto pregavam; das teorias psicológicas que advogam um posicionamento de diálogo e entendimento; é efeito, ainda, do sentimento de pais que passam a conviver cada vez menos com os filhos e têm na permissividade a forma de compensarem suas ausências. Aqui, a entrada, já tardia, da mulher no mercado de trabalho é um fator demasiadamente importante; e também são resultado da evolução das leis civis abrangendo os direitos de crianças e jovens e abominando as agressões físicas praticadas por pais ou qualquer outro adulto.

            Há, sem sombra de dúvida, um avanço na forma de agir da sociedade, atos de violência e repressão desmedida não podem conviver com o conceito de civilidade. Todavia, saímos de um extremo e nos encaminhamos para outro. Um percurso que é explicado pela psicologia: quando o ser humano vive em situações extremadas, há uma tendência de rompimento deste quadro, passando, mesmo que momentaneamente, para a outra extremidade, até que seja encontrado o ponto de equilíbrio.
            Estamos assentados na ponta de uma situação que já se mostrou insustentável. A falta de limites dos jovens não pode levar a sociedade aos quadros em que vivemos. É preciso que as instituições primárias encarregadas da educação dos adolescentes – a família e a escola – atuem na busca pelo equilíbrio e pela sensatez na criação de seres humanos responsáveis, livres e conscientes. E somente se alcançará esse objetivo se a atuação for conjunta, com estratégias correspondentes nos dois ambientes, mostrando aos jovens que sua liberdade implica em direitos e obrigações fundamentados por uma dimensão maior, a sociedade.

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