segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Com qual comida eu vou

            Sinal dos tempos: o desafio agora não é comer, mas comer bem. Saiu-se de um quadro em que a população sofria de desnutrição e passou-se para outro em que a obesidade é o grande vilão. O caminho já percorrido por países desenvolvidos, onde os gordinhos são a maioria, começa a ser trilhado pelo Brasil e por outros países em ascensão econômica. A questão é preocupante e foge da simples normatização estética, o sobrepeso ocasiona diversas complicações que devem ser combatidas sem demora.

            Mas como um país pobre, com uma grande população de miseráveis, tem na agenda de preocupações o alto índice de gordos? Primeiro é preciso esclarecer que a maior parte dos obesos está nas cidades, principalmente nas grandes. Daí, deriva uma série de explicações: ritmo acelerado das tarefas cotidianas, diminuindo o tempo das refeições mais elaboradas; acesso facilitado às comodidades das "fast foods" e ao arsenal de calorias que elas trazem; elevado custo dos alimentos naturais, que são produzidos cada vez mais distantes, pois a cidade necessita de espaço; e, claro, uma pitada de desinformação acerca das conseqüências da má alimentação e dos males que certas comidas podem provocar.

            Há um tempo pouco distante, não era raro as pessoas produzirem seu próprio alimento. As verduras, frutas e hortaliças estavam à mesa de praticamente todas as casas. Preparar a comida e, mais, aproveitar o tempo da refeição era algo absolutamente normal. Contudo. Hoje a normalidade é solicitar a comida pelo balcão, comê-la em pé mesmo, quando não se sai correndo apressado pelejando para não deixar o sanduíche cair da mão. Nos supermercados, as guloseimas açucaradas ocupam o maior espaço dos carrinhos de compra. São desejos de paladares que se acostumaram às dietas doces, calóricas e de baixo valor nutritivo. Além do preço convidativo, pois a industria que os fabricam está logo ali, quer-se agradar às crianças que adoram as bolachas recheadas e os salgadinhos. Com isso o exemplo é repassado e no futuro será imitado.

            Urge que ações sejam empreendidas para combater a má alimentação. Trata-se de uma questão de saúde pública, pois gera, além de doenças como diabetes, hipertensão, problemas coronários, a baixa autoestima, acarretando distúrbios emocionais por vezes irreversíveis que tendem a fomentar o círculo vicioso da obesidade.

            Exemplos como o do sujeito que passou 30 dias se alimentando somente numa grande rede de comida rápida, engordando neste período 11 quilos e adquirido desde colesterol alto até princípio de infarto, precisam ser divulgados e fazerem parte de campanhas públicas de informação. Além disso, a reeducação alimentar dos mais jovens necessita ser uma preocupação da família e da escola, para que cresçam como adultos conscientes e irradiadores de hábitos saudáveis. Mas, talvez, o primeiro passo é tornar os alimentos naturais mais atrativos, para que possam competir com as comidas prontas. Para isso, a redução dos preços desses alimentos é um ponte chave. Incentivar sua produção o ambiente urbano, subsidiar os agricultores desde à plantação até a comercialização podem ser alternativas que rendem muito mais ganhos para a sociedade que suas aparentes dificuldades.

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